quarta-feira, 22 de maio de 2013

Ideologia: Medievalismo, Humanismo e Renascentismo.


Homem Vitruviano - Desenhado por Leonardo da Vinci 


O teatro de Gil Vicente mostra o bifrontismo da época, ou seja, a convivência de resíduos medievais, que apresentavam antecipações renascentistas. A propagação da cultura clássica e do pensamento científico confrontou-se com a intolerância religiosa, onde na metade do século XVI, impôs uma censura bruta. É impossível de acreditar que D. Manuel e D. João II, aceitaram que as obras suspeitas em matéria de fé fossem representadas e aplaudidas pela corte. 
Não se pode duvidar da posição religiosa do dramaturgo, pois ele nunca colocou em dúvida a verdade da fé cristã, “divulgou” a devoção a Nossa Senhora, cria na confissão dos pecados e na existência do purgatório. Com isso ele acabou se afastando da reforma luterana e mostrou uma visão conservadora, teocêntrica e medieval, tanto da sociedade como da vida, realizando assim uma passagem para o Renascimento. 
Ele foi considerado um humanista com grande capacidade de observação e um grande espírito crítico, fazendo com que ele se afastasse do teocentrismo dogmático e lançasse no inferno o frade folgazão do Auto da Barca do Inferno, atacando assim o negócio das indulgências, à atribuição de fenômenos naturais à intervenção direta de Deus, o mundanismo da corte pontifícia, a dissolução dos costumes do clero e o culto supersticioso.
Como ele foi considerado humanista, ele acabou por praticar a tolerância religiosa, representando com muita simpatia o dia a dia de uma família judaica, na sua obra o Auto da Lusitânia, onde enviou uma carta ai rei, defendendo os judeus.
Então, a arte de Gil Vicente aproxima-se da arte manuelina, por causa da combinação de elementos que eram tirados da realidade portuguesa do Quinhentismo e com um traço estruturalmente gótico, em suas obras, como autos e farsas estão: 

1. O medievalismo e o classicismo;
2. Aspectos épicos, líricos e burlescos;
3. As figuras do Velho Testamento e os heróis lendários de Roma e da Grécia;
4. Divindades mitológicas e a Virgem Maria;
5. Anjos, demônios e homens e mulheres;
6. Reis fidalgos, altos prelados e parvos, pessoas que bebiam muito e prostitutas;
7. Nobres orgulhosos e fidalgos decaídos;
8. Judeus, ciganos, mouros, pretos, comerciantes, artesãos;
9. Marinheiros e soldados a caminho do Ultramar;
10. Damas da corte, moçoilas casadoiras, camponesas ingênuas, esposas infiéis, alcoviteiras e caftinas;
11. As festas palacianas e as cantigas e bailados folclóricos;
12. Linguagem culta da elite, a linguagem “caipira” dos camponeses e a linguagem desbocada das ruas;
13. A língua portuguesa, o castelhano, o dialeto saiaguês, o latim eclesiástico e forense, frases feitas, provérbios, imprecações e o linguajar típico de cada grupo social. 

Fonte: www.colegioweb.com.br     Acesso em: 16/05/2013

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